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Falar a nossa verdade

  • sandramtcosta
  • 16 de ago. de 2024
  • 6 min de leitura

O livro "Corpo de Mulher, Sabedoria de Mulher" de Christiane Northup, foi dos mais importantes para iniciar o meu processo de cura há uns anos atrás, foi aliás, o livro com o qual iniciei esse caminho sem ter noção do impacto e consequências que iria ter na minha vida depois de o ler.


Este livro ajudou-me a reiniciar uma ligação ao meu lado feminino, a saber que tinha direito às minhas emoções, a ganhar consciência das consequências do patriarcado e machismo, e foi o começo da minha abertura ao mundo da espiritualidade. Ajudou-me também a ganhar consciência da toxicidade existente nas minhas relações, tanto amorosas como de amizade e familiares.


Espero com estes pequenos textos acerca deste livro ajudar a inspirar alguém a fazer as suas próprias mudanças nas suas vidas, tal como eu iniciei esse processo há 6 anos atrás. Um processo, vim eu a aprender mais tarde, que nunca termina, só quando morremos.


Como o livro aborda muitos temas decidi dividir os posts por cada capítulo do livro, tornando as coisas, espero eu, mais digeríveis.


O livro começa por falar na importância de falar a nossa verdade, passamos tanto tempo da nossa vida a esconder quem somos, o que pensamos e sentimos, com medo do que os outros vão pensar e/ou dizer, para no final percebermos que ninguém está preocupado com o que nós fazemos ou deixamos de fazer, todos estão preocupados com o mesmo que nós, eles próprios! Diz a autora “… aprendera uma lição sobre autoconvencimento, aceitando que todos à minha volta estariam interessados no que eu diria ou faria quando, de facto, cada um tinha a sua própria vida com que se preocupar. A minha maior lição foi aprender que o meu medo não passava disso… um problema que apenas a mim dizia respeito, e que estava na altura de o deixar de lado.”


Falar a nossa verdade tem um efeito de cura na nossa vida, ajuda-nos a libertar das amarras da sociedade e dos nossos condicionamentos e a viver sendo nós próprios sem medo dos julgamentos dos outros.

Quantos de nós têm coragem de falar a sua verdade? De agir de acordo com quem são e não de acordo com as expectativas que acham que os outros têm de si?


Eu vivi durante a maior parte da minha vida sobre a necessidade de passar a imagem de ser “boa”, boa filha, boa amiga, boa parceira, se eu não fosse “boa” então o que é que eu poderia ser? Eu achava que sendo a boa “tudo” era a única maneira de garantir que toda a gente gostasse de mim e eu precisava disso como quem precisa de ar para respirar! Mas o mais engraçado foi mais tarde descobrir que quando somos nós próprios, vivemos e falamos a nossa verdade, mantemos na nossa vida quem realmente gosta de nós e afastamos quem simplesmente gostava de se aproveitar da nossa bondade porque deixamos de ter utilidade na vida dessas pessoas, e melhor ainda, passamos a ser mais felizes.


Depois de aprendermos a viver a nossa verdade, entramos no mundo de perceber que todas as acções que temos afectam a nossa saúde, tanto mental como física, ou seja, se todas as nossas acções forem no sentido de cuidar dos outros e nunca de nós próprios, o nosso corpo vai-se queixar, o nosso corpo vai-nos dar todos os sinais que precisamos para o ouvir. A questão está em aprender a ouvir e respeitar as mensagens que o nosso corpo constantemente nos envia e em perceber que quanto mais ignorarmos essas mensagens mais altas e graves elas se vão tornar para chegar ao ponto de ser impossível ignorá-las.


Acerca disto a autora disse o seguinte:”… na minha ânsia de cuidar de todos os outros, tinha-me deixado ficar para trás. No entanto, o meu corpo não me tinha deixado continuar a negligenciá-lo e tinha-me comunicado uma importante lição: os sintomas do nosso corpo têm significados que vão além do problema de saúde imediato para o qual nos estão a avisar. Carl Jung dizia que podemos beneficiar emocional, física e espiritualmente se prestarmos atenção às mensagens do nosso corpo.”


Diz a autora ainda o seguinte: “… observei muitas mulheres cujas doenças não podem simplesmente ser atribuídas ao que comem e não podem ser curadas apenas com medicamentos ou operações. Fazer uma dieta específica ou correr quatro quilómetros por dia não fazem uma mulher sentir-se bem, se continuar a viver com um alcoólico activo ou um viciado em trabalho, ou se foi vítima de incesto e não consegue sentir as emoções que muitas vezes aparecem associadas a essa história. No entanto, tentar fazer alterações alimentares e criar alternativas a medicamentos e operações, podem ser os primeiros passos para ajudar uma mulher a olhar de forma diferente para a sua saúde. Com um novo olhar perante os seus corpos e perante si mesmas, começam muitas vezes a curar-se não só mental, emocional e espiritualmente, como também fisicamente. … Nas histórias destas mulheres, podemos olhar para as doenças como sinais para acordar… Apesar destas experiências terem sido dolorosas para as mulheres envolvidas, foi como se lhes devolvessem os corpos, permitindo uma nova consciência do que é importante na vida. A minha própria doença mostrou-me que a minha saúde é um processo de equilíbrio e que, depois de ter ignorado o meu corpo e a minha identidade interior durante tantos anos, tinha de olhar para dentro, para encontrar as respostas às questões levantadas pelos problemas de saúde e os desafios enfrentados por mim e outras mulheres.”


Na minha experiência pessoal, ao querer ser “boazinha” passei muito tempo a cuidar dos outros e pouco a cuidar de mim, era quase como se me odiasse a um nível que me castigava a mim própria com a falta de acções de auto-cuidado. Claro que isto levou a que tivesse uma série de problemas de saúde, uns atrás dos outros, cada um mais grave que o outro. Parecia que mal estava a sair de um, já estava a entrar no outro, quase sem tempo para respirar. Era o meu corpo a pedir-me muito por favor para cuidar de mim, para olhar para mim própria e ver o que estava a provocar em mim própria, “por favor olha para ti, cuida de ti, olha para dentro de ti e vê que tens tudo o que precisas para seres saudável e feliz”. Mas eu não ouvia, não conseguia. Num dos problemas de saúde eu quase morri, e nem assim mudei de comportamento. No seguinte, finalmente decidi mudar a minha alimentação. Pensei que ia ser o cura tudo na minha vida, mas não foi, não deixando de ser pelo menos ser um primeiro passo nessa direcção. Só muito mais tarde é que percebi verdadeiramente a mensagem de Carl Jung, que a cura passa por tratar todos os níveis, o físico, o mental e o espiritual e que o poder de alcançar este equilíbrio está em nós.


“…não obriga à perfeição . Requer é que cada uma de nós faça o seu melhor, lembrando que ninguém pode determinar a nossa vida por nós. Só nós podemos fazer coisas por nós mesmas, e precisamos de nos esforçar conscientemente para o fazer. Não estou com isto a tentar dizer que é algo fácil. Cada uma de nós precisa de apoio e orientação.”. Isto relembra-nos, perfeição não existe e podemos matar-nos a tentar alcançá-la. A única coisa que podemos fazer é tentar ser hoje, uma melhor versão de nós próprias de ontem, se nos focarmos nisto, a vida vai ficar muito mais fácil e saudável. E tentar criar uma rede de suporte à nossa volta, porque apesar de termos sido ensinadas que para sermos verdadeiramente independentes tínhamos de fazer tudo sozinhas, a verdade é que com suporte chegamos muito mais longe e menos exaustas.


Termino este primeiro artigo deste livro com o objectivo que a autora pretende alcançar com este livro: “Quero acordar esta voz ainda pequena, sábia e intuitiva que todas temos, a voz do nosso próprio corpo que temos vindo a ser forçadas a ignorar ao longo da doença , desinformação e disfunção da nossa cultura. E quero dar-vos a coragem para escutar esta voz e agir com base nela. … confiar naquilo que sabemos cá dentro: que os nossos corpos são um aliado e que vão estar sempre a apontar a direcção que precisamos de tomar a seguir.”.


Conclusão, confiem em vocês, na vossa intuição e no vosso corpo, ninguém mais vos guiará melhor do que vocês próprias.

 
 
 

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